terça-feira, 9 de junho de 2015

TRANSIÇÃO ESCOLAR... novos desafios


A transição para um novo ciclo ou o início da idade escolar é uma etapa determinante no crescimento das crianças. A transição é o palco de grandes anseios, expetativas e preocupações. 

As mudanças, as novidades, as exigências e os desafios associados a esta transição obrigam a uma adaptação por parte dos alunos e dos pais, bem como ao desenvolvimento de competências cognitivas, sociais e pessoais. 

Para apoiar os pais nesta fase de transição e refletir sobre estratégias que podem utilizar para preparar os seus filhos sem os assustar, foram dinamizadas na escola sessões com os pais/encarregados de educação das crianças que vão transitar para os 1.º e 5.º anos de escolaridade.

A mudança deve ser encarada como um desafio e uma oportunidade de crescimento e de aprendizagem de novas competências.




SINAIS a que deve estar atento pois podem ser denunciadores de dificuldades mais graves de adaptação:

- alterações de comportamentos, queixas físicas sem justificação médica, recusa em ir para a escola, choro frequente, diminuição do apetite, medos antes inexistentes, voltar a urinar na cama, insónias e pesadelos.



APOIAR A TRANSIÇÃO...

Não está sozinho nesta nova fase de tantos desafios…

  • Converse com o professor sobre as suas dúvidas e receios. 
  • Troque impressões com outros pais. 
  • Conserve as rotinas (horário para refeições, para dormir, para acordar) e evite grandes mudanças nesta fase (ex. mudar de casa, de quarto,…). 
  • Crie e alimente expetativas positivas em relação à escola e à transição (ex.: “Vais ter um monte de amigos novos. Quando os conheceres melhor, até podemos convidar um ou outro para virem até cá num sábado”). 
  • Esclareça todas as questões do seu filho relativamente à nova escola ou aos desafios do novo ciclo, não crie demasiadas expetativas ou forneça informações das quais não tem a certeza. 
  • A despedida deve ser feita num tom calmo, com um afeto e um “- Até Logo!”, nunca deixe de se despedir, mesmo que de forma descontraída e prática. 
  

ACOMPANHAR OS FILHOS NA ESCOLA…

Os pais dos alunos que procuram informação sobre o aproveitamento, comportamento dos seus filhos são, geralmente, pais de alunos com menos problemas.

O acompanhamento por parte dos pais, com visitas regulares à escola é uma estratégia importante para apoiar o seu filho e potenciar o seu sucesso escolar




ACOMPANHAR O SEU FILHO EM CASA…

  • Estimule e incentive o interesse pelo estudo. 
  • Faça perguntas ao seu filho sobre a escola. 
  • Veja com ele, regularmente, os cadernos, os manuais, os testes e a caderneta escolar. 
  • Elogie e recompense o seu filho quando tiver bons resultados (ex.: mostrar satisfação e agrado, deixar ir no fim de semana ao cinema, andar de bicicleta, etc.) ou, mesmo que os resultados não sejam os desejáveis, quando este apresentar melhorias (ex: subir de um “Não Satisfaz” para um “Satisfaz”: “Fiquei muito contente por te teres esforçado para este teste; continua assim...”). Valorize as qualidades do seu filho, faça-o crescer confiando em si próprio. 
  • Evite fazer comparações entre os seus filhos e outras crianças. Cada um tem o seu ritmo de aprendizagem. Importa é que aprenda bem e com qualidade. 
  • Aproveite todos os momentos (ex., quando o seu filho está a ajudá-lo nas tarefas domésticas, …) para conversar com ele, partilhar com ele o seu dia a dia, ouvir e questioná-lo acerca dos acontecimentos na escola, os amigos, os tempos livres…. A hora do jantar é uma hora excelente para falar sobre as coisas importantes do seu dia.

A adaptação escolar não é apenas para as crianças... 

... é também para os pais!



quarta-feira, 3 de junho de 2015

Violência no Namoro




 "Quando o assunto é violência no namoro o objectivo é estabelecer os limites entre o que é amor e o que é violência. Embora pareça simples, nem sempre as pessoas têm noção desses limites e muitos vivem relações violentas convencidos de que é tudo normal, de que é amor.
Um estudo realizado no âmbito do projecto Artways – Políticas Educativas e de Formação contra a Violência e Delinquência Juvenil comprovou isso mesmo concluindo que 27% dos jovens inquiridos consideram normal a violência psicológica e, pelo menos, 7% já foi vítima de agressão física. A violência psicológica é, por vezes, a que passa mais despercebida, mas que pode acontecer de várias formas que podem até ser muito simples. Actos como pegar no telemóvel do companheiro sem autorização ou proibir o uso de determinadas peças de roupa são considerados normais numa relação. “Parecem inócuos, mas a ideia de controlo, de que o meu namorado é minha posse, já são sinais de violência”, avisa Maria José Magalhães, presidenta da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).

O estudo apoiado pelo Programa Cidadania Activa da Fundação Calouste Gulbenkian apresentou esta terça-feira os primeiros resultados. Depois de questionar 456 jovens de 32 escolas do distrito do Porto, entre os 11 e os 18 anos, os resultados não foram animadores. Para além de avaliar se os jovens já experimentaram situações de violência no namoro, analisou também a sua perspectiva sobre o assunto: o que achavam de determinadas atitudes dentro de uma relação, o que era considerado violência e o que era considerado normal.
A violência psicológica não é a única a ser considerada normal. O estudo mostra que 63 dos 456 jovens inquiridos acham natural a violência física desde que não deixe marcas. Mas, a quantidade de rapazes a achar que a violência física é natural e legitimada é quase o dobro da quantidade de raparigas. Para Maria José Magalhães, o problema está na cultura do “amor cego”, “de que o amor significa posse, de que a paixão é irracional e de que as pessoas podem fazer o que quiserem com o outro.” “Para nós, esta cultura está na base do femicídio, da violência doméstica, da falta de respeito pelos direitos humanos em geral”, refere, alertando para os resultados do inquérito sobre a reacção dos jovens depois da agressão: pelo menos 12% diz que acabou por perdoar o/a agressor/a e pelo menos 8% diz não ter dado importância ao sucedido, apenas 4% optou por pedir ajuda.
Entre as respostas, destaca-se ainda o facto de 31% dos rapazes contra 10% das raparigas considerar legítimo pressionar para ter relações sexuais. Aliás, 2% dos jovens considera já ter sido vítima deste comportamento. Com os dados obtidos no estudo, a presidente da UMAR conclui que o trabalho que tem sido desenvolvido nesta área "ainda não é suficiente, precisamos de mais”.
O projecto Artways tenta dar um passo em frente na necessidade de consciencialização para a violência no namoro. Durante o ano lectivo 2014/2015 realizaram 15 sessões com os alunos das 32 escolas inquiridas com o objectivo de utilizar a arte para alertar para o assunto. Mais do que remediar, a UMAR pretende prevenir, “temos de intervir logo desde já o junto dos eventuais futuros agressores”. Encontraram, para isso, a resposta na arte. A intervenção junto dos jovens, nas escolas,  tem sido feita com recurso à música, teatro, jogos didáticos, vídeo, entre outras formas de expressão. O “sermão e missa cantada” são formas de ensino que aqui não funcionam, “talvez na escola e no sistema judicial, mas não desta forma com os adolescentes”.
A UMAR apela à necessidade de pedir ajuda, saber o que se deve fazer e a quem, “a sociedade ensina que as pessoas devem ser assertivas, independentes. A verdade é que também é preciso ensinar solidariedade e a necessidade de falar, de pedir ajuda”. Dados da PSP mostram o número de participações de casos de violência no namoro aumentou para o dobro de 2013 para 2014, registando mais de quatro participações por dia em 2014."
Retirado do jornal Público