Aprender a estudar
Escrito por Ana Sofia Rodrigues
Quinta, 21 Fevereiro 2013
Saber
estudar é fundamental para o percurso académico de todas as crianças e
deve ser ensinado desde cedo. Em casa, os pais podem desempenhar um
papel importante. Aqui ficam alguns conselhos úteis para pôr em prática
no início deste ano escolar.
“Estudar, como se faz?”, “Valerá a pena
aplicarmos os métodos do antigamente ou do agora é que é bom?”, “Até que
ponto ajudar a estudar?”, “E em que condições: com a televisão aos
berros ou em silêncio sepulcral?”… No prefácio do livro Ensina o teu filho a estudar,
o pediatra Mário Cordeiro enumera uma série de questões que surgem
necessariamente aos pais com filhos em idade escolar. Renato Paiva, o
autor do livro, baseou-se na sua vasta experiência como formador e
orientador escolar, para passar aos pais um conjunto de pistas e
informações úteis, sobre um tema por vezes negligenciado, mas
absolutamente necessário. Eis algumas das mais importantes.
- Criar hábitos de estudo
Os alunos devem estudar com frequência e
antecedência. Incite o seu filho a estudar com regularidade (o que
permite ir acompanhando a matéria, não a deixando acumular) e de forma
atempada, possibilitando reforços de aprendizagem e esclarecimento de
dúvidas. Renato Paiva alerta: “Não obrigue o seu filho a estudar.
Incentive-o a estudar. Demonstre-lhe que o estudo faz parte de ser
estudante e que contribui para o seu sucesso”. No entanto, não é
possível que os alunos estudem apenas quando lhes apetece, por isso a
criação de uma rotina de estudo é fundamental. É comum ouvirem-se os
alunos dizer: “Esta semana não preciso de estudar porque não tenho
testes”. “Um tremendo engano!”, na opinião deste pedagogo. “É
precisamente nessas alturas que o estudo se torna mais produtivo”.
- Planear e diversificar
Evite que o seu filho estude apenas aquilo
de que gosta. Deve estudar de forma equilibrada as diferentes
disciplinas e não estudar de seguida temáticas semelhantes, como duas
línguas ou Matemática logo após Físico-Química, ou História a seguir a
Geografia. Diferentes disciplinas privilegiam diferentes estratégias,
fazendo com que o estudo não seja tão monótono. O aluno deve iniciar o
estudo pelas matérias nas quais sente uma dificuldade intermédia,
seguidas das mais difíceis e terminar com as mais fáceis.
Saber estudar implica saber parar. Faça com
que o seu filho dedique cerca de um terço do tempo para descansar. Cerca
de 15 minutos por cada 45, é o ideal. Nesse descanso, deixe-o fazer o
que lhe apetecer. Repartir o esforço por vários momentos traz melhores
resultados.
- Ler, explicar e praticar
Estudar é muito mais do que ler e memorizar!
Numa primeira fase, o aluno de facto deve ler com atenção as fontes de
informação, sublinhando o que lhe parece ser mais importante. Mas, de
seguida, é muito importante que reproduza a matéria por palavras suas.
Que faça resumos, apontamentos, esquemas, simule que é o professor e
explique a matéria a alguém. “A melhor maneira de aprender é ensinar”,
defende Renato Paiva. E ilustra o papel que os pais podem aqui assumir:
“Verificarem se falta informação, fazerem algumas perguntas para
perceberem se a criança consegue explicar, pedirem pormenores e
exemplos, ou mesmo dizerem que não perceberam para que o filho seja mais
explícito ou tente uma diferente explicação”. Numa terceira fase, o
estudo implica a realização de muitos exercícios, para o aluno conseguir
demonstrar o que sabe e para tomar contacto com diferentes tipos de
perguntas que lhe podem ser colocadas. Em termos de alocação do esforço
do aluno, é aconselhada a regra 20-40-40: 20% para apreensão de
conhecimentos, 40% para a concretização por palavras suas do que
aprendeu, 40% para a resolução de exercícios.
- Local de estudo
Além de ser muito importante, o ambiente de
estudo é um dos fatores que os pais mais podem influenciar. O local
escolhido deve ser calmo, com boa luminosidade, temperatura agradável e
boa ventilação, ter espaço suficiente para todo o material necessário e
ser livre de ruídos perturbadores. A evitar locais de passagem, onde
possa ser interrompido constantemente. Renato Paiva é perentório:
“Música e televisão só causam distração! E evitem que os alunos estudem
com o telemóvel ao pé. As solicitações permanentes, como os SMS,
perturbam, causam paragens e desvios de atenção”. E até deixa algumas
dicas de iluminação e ergonomia, como colocar um foco de luz do lado
oposto à mão com que o aluno escreve, para que não provoque sombra sobre
o que está a escrever. Este pequeno pormenor evita esforços
suplementares que podem provocar cansaço e até dores de cabeça. Quanto à
posição relativa entre a mesa e a cadeira, deve permitir que o aluno
tenha o tronco direito, os pés apoiados no chão e que tenha um encosto
para uma postura correta e confortável.
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